Língua Portuguesa
- jfilocre
- 14 de fev. de 2016
- 3 min de leitura
A língua portuguesa constitui-se em ferramenta indispensável para a produção do conhecimento e, consequentemente, para o desenvolvimento humano dos sujeitos. Por transversalizar todas as áreas do conhecimento, a disciplina Língua Portuguesa pode colaborar com diversos temas por seu lado e, por outro, ela ganha corpo, materialidade e existência exatamente pelos usos que dela são feitos pelas demais disciplinas e em situações da vida, dentro ou fora da escola.
Todo conhecimento científico encontra na língua escrita sua manifestação mais legitimada. O CBC de Língua Portuguesa da Escola Sesi destaca habilidades básicas para o desenvolvimento de múltiplos letramentos e, dentre eles, o letramento científico, compreendido como condição daquele que domina a leitura e a escrita dos gêneros discursivos de divulgação científica, do domínio expositivo. De acordo com documento INEP (2010), entende-se como letramento científico a capacidade de empregar o conhecimento científico para identificar questões, adquirir novos conhecimentos, explicar fenômenos científicos e tirar conclusões baseadas em evidências sobre questões científicas. Também faz parte do conceito de letramento científico a compreensão das características que diferenciam a ciência como uma forma de conhecimento e investigação; a consciência de como a ciência e a tecnologia moldam nosso meio material, cultural e intelectual; e o interesse em engajar-se em questões científicas, como cidadão crítico capaz de compreender e tomar decisões sobre o mundo natural e as mudanças nele ocorridas.
Além disso, a disciplina busca distinguir divulgação científica de formalismo científico que possui características muito próximas às de divulgação. Para ajudar na distinção entre esses gêneros, procura destacar que a diferença entre eles se encontra nas esferas de produção e de circulação. Verbetes (definições), (fragmentos de) artigos, reportagens e notas de divulgação científica compõem boa parte dos textos que integram as práticas/eventos de letramento escolar seja nos manuais didáticos, nos paradidáticos, nas obras de referência (atlas, ou nos materiais de pesquisa presentes em veículos e suportes variados, impressos e digitais, tais como revistas, seções de jornais, revistas on-line, sites e portais, dentre outros.
A linguagem ajuda a identificar e a explicar fenômenos cientificamente e a usar evidências científicas. Como afirma Santos (2007, p 485)
“Um cidadão, para fazer uso social da ciência, precisa saber ler e interpretar as informações científicas difundidas na mídia escrita. Aprender a ler os escritos científicos significa saber usar estratégias para extrair suas informações; saber fazer inferências, compreendendo que um texto científico pode expressar diferentes ideias; compreender o papel do argumento científico na construção das teorias; reconhecer as possibilidades daquele texto, se interpretado e reinterpretado; e compreender as limitações teóricas impostas, entendendo que sua interpretação implica a não-aceitação de determinados argumentos. ”
A contribuição da disciplina para o tema se expande ao destacar que a Língua Portuguesa toma como base epistemológica o conceito de discurso que permite analisar conteúdos veiculados sob a ótica das condições de produção, de recepção e circulação de discursos que, embora considerados científicos, podem se constituir em arena de conflitos, não só de ideias, mas de relações de poder: conhecer não só resultados de pesquisas, mas quem as realiza, onde as realiza e quem as financia.
A disciplina contribui, ainda, ao desenvolver habilidades exigidas pela metodologia de pesquisa e para práticas documentárias, tais como:
habilidades ou procedimentos de organização e sistematização do conhecimento: redigir textos, fazer resumos, elaborar esquemas, diagramas, fazer anotações, elaborar portfólios, memoriais, relatórios etc.;
habilidades de comunicação: expor as próprias ideias, apresentar argumentos para fundamentar ideias, posicionar-se sobre as ideias apresentadas por colegas ou reportar-se a elas durante um debate, defender pontos de vista, rever pontos de vista, apresentar dúvidas/questões de forma articulada, publicar textos via recursos midiáticos (jornal ou radioescola, painéis, murais, vídeo, curtas), preparar produções pessoais ou de grupo para mostras, exposições, feiras científicas e culturais, eventos científicos e literários, festivais de música, cinema, arte etc. (MURTA, 2012)
Referências:
MURTA, Marinez. Documento Princípios e Diretrizes Curriculares.2012(texto mimeografado/circulação interna. BH: Educativa)
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos. Educação científica na perspectiva de letramento como prática social: funções, princípios e desafios. Revista Brasileira de Educação, v. 12, p. 474- 492, 2007. http://download.inep.gov.br/download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf. Acesso: 26 de outubro de 2015.
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