

Energia na vida cotidiana
Energia é parte da nossa vida cotidiana. Os jornais, o rádio e a televisão informam todo dia sobre o aumento dos combustíveis, da energia elétrica, sobre possibilidade de um novo "apagão" no sistema de distribuição de energia elétrica ou a necessidade do uso racional da energia ou, ainda, sobre os problemas gerados pelo lixo das usinas nucleares, das pilhas dos telefones celulares...
No mundo moderno, a demanda anual de energia equivale a toda energia utilizada pelo homem, ao longo da sua história.
Hoje, um habitante do mundo ocidental utiliza, em média, 350 vezes mais energia que há duzentos anos atrás. Como a população, hoje, é 10 vezes maior que a de 1800, chegamos à conclusão que utilizamos 3500 vezes mais energia que há dois séculos.
Energia é algo indispensável ao funcionamento da vida social. Nas sociedades modernas, o progresso e a qualidade de vida podem ser avaliados não apenas pelo nível de consumo de energia, mas também por sua política de distribuição que permita ao maior número de pessoas ter acesso às suas mais variadas formas. Não há dúvida de que, hoje, o conforto que o desenvolvimento tecnológico torna possível desfrutar depende da possibilidade de acesso às variadas fontes e formas de energia.
Em ciência, energia é um termo com um sentido específico, nem sempre coincidente com aqueles utilizados na linguagem comum. Entender o significado do que seja energia, do ponto de vista científico, e compreender as suas propriedades e o seu valor social poderá nos ajudar a fazer melhor uso dos recursos naturais e das fontes de que dispomos.
Diariamente entramos em contato com os mais variados tipos ou formas de energia. Podemos obtê-la de várias fontes diferentes. Podemos, também, transformá-la de uma para outra das suas múltiplas formas de manifestação. Por exemplo, a energia que recebemos do sol pode ser utilizada para aquecer a água das nossas casas. Pode também ser usada diretamente para produzir energia elétrica.

Uso da energia na história das civilizações humanas
A história das sociedades humanas está marcada pela busca incessante de novas fontes para suprir demandas crescentes por mais energia. Tanto pelo aumento populacional quanto pelas sucessivas mudanças nos hábitos e valores sociais, as fontes de energia predominantes em cada momento dessa história foram se mostrando insuficientes para atender ao nível aceleradamente crescente de consumo de energia, especialmente no último século.
Até aproximadamente duzentos anos atrás, o combustível mais usado pela humanidade foi a lenha. Mas uma floresta natural adulta pode demorar muitos anos para formar-se, mesmo em condições favoráveis. As intensas demandas sociais dos tempos modernos motivaram a humanidade a buscar a energia armazenada em um tempo muito anterior à sua existência, em épocas de um passado cada vez mais remoto.
Controlar o fogo foi uma conquista fundamental na evolução da espécie humana. Nossos ancestrais aprenderam primeiro a recolher e manter acesas as brasas de incêndios que ocorriam naturalmente. Mas, só há um milhão de anos foram criados os primeiros artefatos de ossos e pedra lascada e inventadas diferentes tecnologias para produzir fogo. Ser capaz de utilizar o fogo aumentou o poder humano de controle do ambiente. Significou prolongar o dia para dentro da noite, produzir calor para amenizar o frio, espantar as feras e cozinhar alimentos. Significou economizar trabalho biológico para manter-se vivo.
Até aproximadamente 10 000 anos atrás, os seres humanos sobreviviam como caçadores e coletores de alimentos no ambiente natural. As primeiras comunidades nômades já provocavam devastações da vegetação natural pelo uso do fogo na caça aos animais de grande porte e no plantio das áreas que abandonavam e demoravam anos, às vezes décadas, para se regenerarem.
Há 9 000 anos, aproximadamente, além do fogo e ferramentas rudimentares, a tração animal já era usada no preparo da terra para cultivo. Com a agricultura e o uso de animais para plantio, o ser humano aprendeu a controlar outras fontes de energia, além do fogo: a energia dos alimentos e a da tração animal.
À medida que a agricultura e criação de rebanhos se desenvolveram, pequenas comunidades tornaram-se sedentárias. Alguns grupos de criadores de rebanhos permaneceram nômades ou tornaram-se mercadores. Começaram a surgir as primeiras aldeias e povoados.
No período entre 4 000 a.C. até 476 d.C. nas chamadas “primeiras civilizações ocidentais” - por exemplo, Egípcia, Mesopotâmica, Fenícia, Persa, Grega e Romana – as sociedades foram agrupadas em centros administrativos e religiosos. Em alguns desses centros, foram construídas obras que demandaram a utilização do trabalho humano em larga escala.
Nesse período, a energia do vento na navegação a vela e a dos fluxos de água para mover moinhos ou rodas d’água foram incorporadas ao universo do consumo energético social. O óleo, extraído dos vegetais ou da gordura animal, passou a ser um novo combustível para produção do fogo.
Até o século XV, a demanda social de energia era atendida com o uso de fontes renováveis de energia. A lenha continuava sendo o principal combustível para produção de calor, principalmente para cozinhar os alimentos e na fundição dos metais. A tração animal, os moinhos de vento e as rodas d’água, quando disponíveis, completavam a força humana nas atividades produtivas.
Em meados do século XVI, o crescimento da população, o desenvolvimento das manufaturas e as transformações sociais e econômicas provocam o aumento do consumo de carvão vegetal. Isto acarreta na destruição das florestas europeias, que não se regeneram na velocidade em que eram consumidas. As sociedades mais dinâmicas, do ponto de vista econômico e social, são pressionadas na busca de novas fontes de energia e do aumento da potência das forças motrizes. Com a escassez do carvão vegetal, aumenta a demanda do carvão mineral.
O uso do carvão mineral como fonte de energia foi muito importante para o início da industrialização. O suprimento de energia para atender a demanda social libertou-se das variações naturais de ocorrência de vento ou fluxo de águas, da reprodução de animais para tração e transporte e do crescimento de novas florestas.
Na segunda metade do século XVIII, James Watt aperfeiçoou uma máquina a vapor com rendimento e potência tais que ela tornou-se viável, do ponto de vista econômico, para executar tarefas diversificadas, tornando-se o primeiro motor universal. A substituição da madeira pelo ferro na fabricação de máquinas e equipamentos significou maior produtividade, na medida em que aumentou a durabilidade desses objetos diminuindo o tempo gasto com constantes reposições.
As primeiras das máquinas a vapor foram invenções originadas da criatividade e conhecimentos empíricos de artesãos. Os conhecimentos científicos que se desenvolveram nos séculos seguintes permitiram compreender o processo pelo qual a energia térmica era convertida em trabalho pelo motor a vapor e melhorar o rendimento dessas máquinas.
Na primeira metade do séc. XIX, a possibilidade de transformação da energia mecânica em energia elétrica iniciou uma longa história de invenções revolucionárias que convergiram para a produção e distribuição de energia elétrica em larga escala. A nova onda de invenções, ao final do séc. XIX, contou com o esforço de muitas pessoas dedicadas à ciência.
A máquina a vapor foi sendo substituída por motores elétricos, a explosão e turbinas. O uso da energia elétrica, obtida a partir de usinas hidrelétrica e termelétricas, produziu novas transformações nas estruturas sociais e econômicas na medida em que aponta para uma automação crescente do trabalho e que vai se tornando cada vez mais disponível para o uso doméstico.
No séc. XX, com a expansão da técnica e a mundialização da industrialização, o petróleo torna-se a principal fonte de energia a alimentar a demanda social, acelerada após a Segunda Guerra Mundial. O gás natural, que só passa a ser explorado a partir de 1950 com o desenvolvimento de tecnologia para sua extração.
O carvão mineral e o petróleo são fontes de energia armazenada pela biomassa de seres que viveram em um passado geológico bastante remoto. Usar o carvão mineral significa usar as florestas soterradas no Carbonífero, há mais de 300 milhões de anos. Usar o petróleo significa obter a energia solar armazenada por microrganismos que viveram há aproximadamente 500 milhões de anos.
Ampliada pelo crescimento populacional, a demanda de energia explode nas últimas décadas. O uso de energia em larga escala passa a ser considerado, cada vez mais, indispensável para proporcionar bem-estar e conforto para a humanidade.
A preocupação com o escasseamento do petróleo e possibilidade aberta de utilização da energia nuclear geraram a expectativa de que as usinas nucleares pudessem atender às demandas crescentes de energia, mas devido aos custos econômicos, ambientais e políticos essa possibilidade ainda não se concretizou.
As fontes de energia renováveis, principalmente a hidráulica, a da biomassa, a solar e a eólica são soluções alternativas de uso restrito. Os problemas sociais, econômicos e ambientais das sociedades industrializadas e tecnológicas requerem soluções urgentes.
Enquanto nos deparamos, hoje, com o difícil problema de encontrar uma fonte capaz de atender a uma demanda mundial crescente por mais energia, o Sol esbanja energia para o universo. A energia irradiada, por segundo, daria para suprir as nossas necessidades energéticas atuais por aproximadamente 10 milhões de anos.

As principais fontes de energia disponíveis na Terra
O Sol, o petróleo, o carvão, a madeira, os alimentos, a gasolina, o óleo diesel, o chocolate, o álcool, o núcleo do átomo, as quedas d'água, dentre outras, são algumas das muitas fontes de energia a que recorremos para atender às nossas necessidades. Mas, examinadas mais cuidadosamente, podemos verificar que toda a energia disponível na Terra provém de apenas quatro fontes distintas: do Sol, da própria Terra, do núcleo do átomo e da interação gravitacional Sol-Terra-Lua.
O Sol é, de longe, a fonte mais importante. A energia solar representa 99,98% de toda a energia disponível. Derivam dela, direta ou indiretamente, as fontes renováveis de energia, como as quedas d'água naturais ou as hidrelétricas e os produtos da fotossíntese (os alimentos e a própria vida), e as fontes não-renováveis, como petróleo, gás natural, carvão etc.
A Terra é fonte da energia geotérmica, proveniente do seu interior, e que se manifesta na convecção de material sólido, líquido ou gasoso das erupções vulcânicas e nas fontes de vapor e água quente (gêiseres) existentes em várias partes do mundo. O fluxo de energia geotérmica através da superfície da Terra representa apenas 0,002% da energia total disponível nesta superfície.
O efeito gravitacional da Lua e do Sol sobre as águas dos oceanos produz o efeito das marés. A energia das marés, utilizada na geração de energia elétrica, corresponde a 0,02% da energia total disponível.
A energia nuclear tem origem nos núcleos dos átomos que, ao se desintegraram, libertam grande quantidade de energia.
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